Quando um árbitro entra no
gramado de um estádio de futebol, as sonoras vaias vêm à tona e os xingamentos
após a primeira marcação de infração contra a equipe de coração dos torcedores
presentes colocam uma dúvida na cabeça de qualquer pessoa que não é do meio
esportivo:
“Por que
o jovem escolhe ser árbitro de futebol?”
Saber que
esses “simples” xingamentos podem virar agressões, ameaças ou perseguições não
servem para inibir o jovem da opção por se tornar árbitro de futebol. Tão pouco
o amadorismo e as condições precárias que algumas federações do país ainda
oferecem como falta de uma boa preparação, falta
de segurança, vestiários sem um mínimo de conforto, clubes que não oferecem nem
água para a equipe de arbitragem, etc...
As
dificuldades para um iniciante são enormes: As mensalidades nos cursos não são
baratas, o prazo médio de formação durante o curso está em torno de um ano,
podendo chegar aos dois anos. E ainda, algumas das federações possuem
estratégias de atualização dos árbitros e suas comissões de ensino agendam
reuniões ou provas para testar freqüentemente os seus conhecimentos.
A
preparação física ainda é
o fator que deixa um maior número de bons árbitros pelo caminho, pois os
índices do teste físico são bastante exigentes, mas ainda assim, todos os anos
as turmas que oferecem formação sempre estão lotadas e os olhos brilhantes em
busca de um futuro promissor na arbitragem!
O Árbitro
de Futebol no Brasil está sempre na mira dos torcedores apaixonados e críticos
do esporte mais praticado em um país com mais de 170 milhões de habitantes...
Uma verdadeira paixão nacional!
Não é fácil mesmo, mas também
quem disse que eles esperam facilidade?
Uma das
primeiras frases que o árbitro escuta em um curso de formação é: “-Você vai errar, mas procure não errar
de modo que possa interferir no resultado da partida!”.
Pois é,
ele se encontra como mediador do espetáculo e no dia seguinte muitas das vezes
o seu nome nem é lembrado por grande maioria que assistiu à partida... Ruim?
Que nada! Muito pelo contrário, não ser lembrado é comemorado por muitos que
buscam o ápice na arbitragem!
Pode soar
estranho, pois muitos leigos julgam que quando a pessoa escolhe ser árbitro é
porque ela quer aparecer, pois é
justamente o inverso, o que ele menos quer nesse momento é aparecer, pois isso
pode lhe garantir muitas e muitas outras escalas!
Parar à
frente de um computador e buscar através da internet se o seu nome consta lá na
escala é um hábito que o árbitro começa a cultivar desde os seus tempos de
aluno, quando ele começa a ser escalado como quarto árbitro ou árbitro
assistente, porém e o medo de não ser escalado? Quando o seu nome não está lá,
será que é por que tem alguém contra ele, ou ele não atuou bem no jogo
anterior? Pode ser isso, ou não... Pode ser também pelo simples fato de
existirem muitos árbitros no quadro, o que é a grande realidade das federações
do país...
Então se
busca um diferencial, atuar bem, de
maneira segura, com bom posicionamento em campo, sintonia entre toda a equipe
escalada é fundamental, sem cometer falhas grotescas e acima de tudo ter muita
postura e esta postura é cobrada em todos os momentos, seja com os colegas ou
com os clubes, antes, durante ou depois dos jogos, pois ela deverá ser uma
grande aliada durante todo o tempo de carreira!
Mas por
que isso tudo, se além de toda a cobrança SO AGORA QUE SAIU, a
profissionalização da atividade pelo mundo a fora? É necessário ter uma
profissão para a garantia do seu futuro, pois podem vir às lesões, os fracassos nos testes físicos ou a escassez de
escalas...
Em
pesquisa realizada com cento e cinqüenta árbitros de futebol, foi levantada a
seguinte questão: “-O que o levou a
optar por ser um Árbitro de Futebol?”.
Desde
jovens árbitros até os mais experientes, entre homens e mulheres, o resultado
foi que 98% (noventa e oito por cento) deles
responderam que era o AMOR PELO ESPORTE e apenas 2% (dois por cento) disseram que seria pelo fato de obter
uma renda extra.
Pois é,
eis aí o grande motivo para o jovem escolher ser árbitro de futebol e não
pensem que se trata de jogadores frustrados como muitos insistem em anunciar,
nada disso... Grande maioria deles até jogaram como amador, porém não tinham
pretensão de se profissionalizar como jogadores de futebol, porém quando tiveram a oportunidade de
participar de uma partida compondo uma equipe de arbitragem, se apaixonaram e
não largaram mais a atividade! Salvo algumas exceções...
Extremante
positivo o resultado da pesquisa, pois sabemos que aqueles que entram em campo
para arbitrar uma partida, seja em uma
pelada, treino ou jogo de profissionais, pensando apenas na taxa que lhe vai
ser oferecida, não têm futuro muito promissor, pois realmente é preciso gostar
de exercer esta atividade, porque se não for desta forma o árbitro está fadado
ao fracasso, isto é fato!
Ser um árbitro de futebol é, para mim, uma pessoa
diferenciada dentro da sociedade futebolística, longe de ser um ditador
querendo impor sua autoridade a qualquer maneira.
O árbitro
possui qualidades de sobre sair nas diversidades que a vida impõe quer dentro
do solo sagrado (campo de jogo – regra
01) ou no seu cotidiano pessoal.
A
capacidade de fazer cumprir a Carta Magna do Futebol (Livro de Regras) e suas diretrizes não se gabando em algo que não
deveria ser considerado mérito por se tratar apenas do cumprir às suas
atribuições.
A sensibilidade
é um conjunto de emoções, sua suscetibilidade requer uma visão extremamente
profissional de suas ações, ou seja, do conhecimento da Carta Magna do Futebol (Livro de Regras), da sua aplicação
com imparcialidade, do ótimo preparo
físico e do apoio da família, sem
esta ultima todo este conjunto será como a edificação de uma casa sem alicerce.
O árbitro, no entanto é na
maioria das vezes visto como inimigo, uma pessoa sob olhar da desconfiança e
condenado pela impressa quando de um suposto erro é cometido, a sua sentença de
morte é desferida sem nenhuma consideração a este ser humano que por sua
natureza humana o seu erro era para ser compreendido e aceito.
O Árbitro não é tudo para o
Futebol, mas o Futebol sem o Árbitro,
não é nada".
FRANKLINEY CARVALHO
ARBÍTRO /FBF